Gin e Gin Tônica
Em Março de 2018, aqui em SP rolou a 1ª Rota do Gin Nacional (Sim! nós também fazemos bons Gins, no final do artigo listarei alguns que foram testados pela equipe do Paladar) em 14 Bares de São Paulo. Mas você sabe o que é o Gin? Como e Onde Surgiu?
Bom Vamos a definição dada pelo dicionário, e depois um pouco de história do gin, o casamento com a água tônica, e por ultimo uma receita de G&T (Gin Tônica). Ah! Gim ou Gin (eu prefiro da maneira internacional, grafado com N)
Gim ou gin é a bebida com graduação alcoólica de 35% a 54%, a 20º, obtida pela redestilação de álcool etílico potável de origem agrícola, na presença de bagas de zimbro (Juniperus communis), com adição ou não de outra substância vegetal aromática, ou pela adição de extrato de bagas de zimbro, com ou sem outra substância vegetal aromática, ao álcool etílico potável de origem agrícola e, em ambos os casos, o sabor do zimbro deverá ser preponderante, podendo ser adicionada de açúcares até 15 g/l.
O Gin Será Denominado de:
I — gim destilado, quando a bebida for obtida exclusivamente por redestilação; II — london dry gin, quando a bebida for obtida por destilação seca; III — gim seco ou dry gin, quando a bebida contiver até 6 g/l de açúcares; IV — gim doce, old ton gin ou gim cordial, quando a bebida contiver acima de 6 e até 15 g/l de açúcares.
Se você curte tomar um bom drink para descontrair durante um encontro com a família ou amigos, ou para relaxar após uma longa jornada de trabalho, provavelmente já deve ter ouvido falar do novo queridinho dos bartenders: o Gin.
Apesar de ser considerada uma das bebidas destiladas mais antigas fabricadas pelo homem, o Gin reapareceu nos cardápios de drinks de bares e restaurantes de todo o Brasil como a opção favorita para quem quer provar algo clássico, mas diferente. Mas por que o Gin voltou a ser, novamente, o centro das atenções quando o assunto é drink?
O Gin Nasceu Para Ser Um Remédio
Para entender melhor o sucesso do Gin, é interessante explorar um pouco a sua origem e, principalmente, o como essa bebida foi desenvolvida. A primeira receita da bebida, criada no século XVII na Holanda, foi desenvolvida para ser uma formulação alternativa aos medicamentos diuréticos, utilizados para tratar doenças renais. Seu ingrediente principal, o Zimbro, é uma fruta conhecida por seus benefícios ao sistema renal mas que, na forma de medicamento, não resultou em grandes vantagens para os pacientes. O sabor aromático do Gin, entretanto, conquistou muitos paladares, permitindo sua popularização como uma bebida alcoólica.
Mesmo sendo criado na Holanda, o Gin só se tornou popular quando chegou à Inglaterra e ganhou mais qualidade na sua produção. Os ingleses, portanto, foram os responsáveis por criar as melhores formulações da bebida que conhecemos até hoje, com sabores e aromas característicos. A fórmula que é engarrafada e distribuída em todo o mundo leva, além do zimbro, algumas ervas e temperos como o milho, a cevada, a canela, o centeio, o coentro e o cardamomo.
A Sofisticação é o Motivo do Sucesso
Apesar de ter sido uma bebida de grande sucesso na década de 80, o Gin caiu em ostracismo com a chegada dos anos 90 e 2000 e a busca por bebidas mais práticas e prontas para beber. O que trouxe esse clássico de volta para as prateleiras de todo o país — e também no mundo — foi exatamente a sua sofisticação, que fez com que a geração de 90 abandonasse a bebida.
Por volta de 2007, os renomados chefs de cozinha europeus optavam por finalizar sua jornada de trabalho em dias muito quentes com uma grande taça de Gin Tônica com bastante gelo. Ao encontrarem a forma perfeita de saborear essa bebida, devolveram algumas receitas ao cardápio de drinks e o sucesso foi instantâneo.
Quem acredita ser fácil preparar uma boa taça de Gin Tônica, por exemplo, não sabe que existem regras e técnicas específicas para montar um bom cocktail. O mesmo acontece com outros drinks derivados conhecidos da bebida, como o Negroni. Como são saborosos e marcantes, o desafio de se encontrar um bom drink com Gin se tornou tão empolgante quanto tomar uma boa cerveja ou uma taça de vinho especial.
Existem Gins com Estilos e Sabores Diferentes
O Gin é uma bebida que tem como base a fermentação de cereais e alguns produtos destilados, entretanto, os fabricantes costumam fazer suas próprias alterações nas receitas, que permitem a criação de estilos completamente diferentes. Em resumo, o sabor dessa bebida depende diretamente da quantidade de zimbro, ervas, cereais, especiarias e sementes adicionadas à receita do fabricante. Separamos alguns exemplos abaixo:
Clássico: é seco e com sabor predominante do zimbro. Apresenta toques cítricos e picantes.
Cítrico: seu sabor tem notas de laranja, tangerina, limão ou grapefruit.
Aromático: a presença das especiarias é bem forte. Pode ter notas de canela, coentro, cardamomo e noz-moscada.
Herbal: o forte dessa receita é o sabor de ervas como o tomilho, a hortelã, o alecrim e o manjericão.
Floral: desenvolvido com aromas de flores e frutos como a flor de uva verde, o cassis, a violeta e o jasmin.
Para aproveitar o melhor do Gin, nada mais apropriado do que saborear suas receitas clássicas e que tornaram essa bebida um ícone da coquetelaria moderna.
GIN TÔNICA
O Gin Tônica deixou a ser, em menos de uma década, um drinque coadjuvante para se tornar astro-rei da maioria dos bares do mundo inteiro.
A simplicidade no seu preparo é um dos motivos de ter transformado os últimos 5 anos na Era de Ouro dos G&T.
Mas poucas pessoas sabem do que é composto o gin e também a água tônica de quinino que por sinal é feita a partir de uma árvore, Cinchona Pubescens, de onde esta bela folha abaixo vem.
O quinino foi descoberto no Ocidente no fim do século XVI, quando os espanhóis conquistaram o Império Inca e se depararam com uma árvore usada para curar a febre.
Diz a lenda que um soldado espanhol estava doente, e estando com sede, bebeu uma água escura que havia numa poça. Essa poça ficava embaixo da árvore de quinino, a Cinchona Pubescens e estava cheia de quinino. O belo soldado dormiu e ao acordar, estava curado!
Oh! Eis que descobriram as propriedades medicinais do quinino. A partir daí, levaram o quinino para todas as guerras para ajudar os soldados nas febres tão comuns na época. Porém a quantidade utilizada era altíssima, o que fazia a bebida se tornar extremamente amarga.
Proporcionalmente, temos hoje em dia quase 1/7 da quantidade de quinino que se usava antigamente. Antigamente, se vendia quinino em pó, para a alta sociedade européia usar também como repelente de mosquitos.
A combinação Gin com Tônica não poderia ter nascido em outro cenário.
Soldados doentes, precisando descansar, quinino para afagar a febre e uma bebidinha para alegrar os jovens soldados.
Lembram-se que a Companhia Britânica das Índias Orientais invadiu e dominou o sudeste asiático? Pois foi aí que o Gin conheceu a Tônica! Com o tempo, a acidez do limão foi encorporada à dupla, basicamente por mascarar o amargor do quinino.
Gin TônicaAtualmente, diversas águas de quinino são disponibilizadas pelo mundo, no Brasil, possuímos três ou quatro marcas de água tônica, e é pouco, fato, mas com a chegada de novas marcas como a 202 e a Wewi Orgânica a tendência é melhorar.
No mundo existem marcas que apostam na diversidade das águas de quinino para conquistar clientes, como a Fever Tree. Para quem não sabe, essas marcas de água não possuem mais o agente específico que causaria bem estar e fim das febres, que é o sulfato de quinino.
Elas possuem na verdade o hidrocloreto de quinino, uma espécie de sal responsável pela sensação do quinino. Deixando a história de lado, o Gin Tônica não é uma bebida para se arriscar.
Deve ser seguido à risca sem alterações, pois do jeito que ela é, deve continuar sendo. Um drinque perfeito.
APRENDA A RECEITA
Gin Tônica
50 ml de gin
100 ml de água tônica
1 fatia fina de limão siciliano
1 fatia fina de limão tahiti
Gele uma taça Gin Tonic com cubos de gelo. Coloque o gin, a água tônica e finalize com uma fatia fina de limão tahiti e uma fatia fina de limão siciliano por cima do drinque. Sirva sem canudo.
Algumas dicas que podem fazer o seu Gin Tônica mais gostoso são:
– Usem gelo de alta qualidade e “use gelos gelados”! (sim é possível que um gelo seja mais gelado que outro)
– Cortem o limão na hora. Ingredientes frescos são essenciais.
– Nunca, jamais, em hipótese alguma, use canudo em um Gin Tônica. Taças não pedem canudo, só copos.
– Use uma água tônica de qualidade e deixe-a bem gelada. — Por último, o gim deve ser de qualidade. O coração de um bom Gin Tônica é o gim. Não arrisque.
Gins Nacionais
SEAGER’S SILVER — A versão premium do único gim brasileiro que está no mercado há mais de 80 anos (sem prestígio), É o único gim feito industrialmente por aqui, mas isso não interfere na qualidade.
TORQUAY — produzido pela destilaria Stoliskoff, de São Roque, que também faz cachaça e vodca. Tem aromas simples mas equilibrados e surpreende na boca. Um gim tradicional que vai bem em qualquer drinque.
JUNGLE — é produzido em Camanducaia, Minas Gerais, em alambiques de cobre. Leva sete botânicos tradicionais na sua composição, mas é o zimbro que se destaca tanto no nariz como na boca, com toques florais.
BEG — Produzido em Campinas, o aroma de álcool é predominante no nariz, mas na boca é bem equilibrado. A receita indica botânicos “exóticos” como cumaru e pacová, porém o sabor marcante é dos cítricos.
DRACO — Lançado há pouco mais de um ano, este gim é produzido a partir de milho e sorgo em uma destilaria de Pirassununga, no interior de São Paulo. A receita é inspirada nos clássicos ingleses e leva botânicos tradicionais, como angélica e cardamomo. Tem aroma e sabor bem equilibrados, com final floral agradável. Um gim para vários usos.
AMÁZZONI — A receita que conta com 11 botânicos é do bartender argentino radicado no Rio, Tato Giovannoni. É o primeiro artesanal produzido em uma destilaria exclusivamente de gim, no interior do Rio de Janeiro, da própria marca. Na boca, os botânicos não aparecem. Mas tem picância agradável.
VITÓRIA RÉGIA — O único com selo de certificação de orgânico, este gim é produzido pela mesma destilaria da cachaça Yaguara. É elaborado a partir de cana-de-açúcar e conta com quatro botânicos, além do zimbro. Ainda assim, faltam aromas.
ARAPURU — Criado por um eslovaco e com nome tupi-guarani, leva onze botânicos na receita, entre eles os brasileiros imbiriba, puxuri e pacová. No nariz e na boca o resultado é um pouco desequilibrado, com excesso de aromas que “estouram” na boca.
MINNA MARIE — Produzido por uma microdestilaria de cachaça, a Hof, de Serra Negra, esse gim chegou ao mercado em duas versões, um tradicional e outra com passagem por barrica de carvalho americano. Em ambas as versões, o sabor é condimentado, marcado pelos botânicos, em especial o anis-estrelado.
VIRGA — É produzido em alambiques de cobre em Pirassununga interior de SP. Tem entre seus idealizadores Felipe Januzzi, nome por trás do Mapa da Cachaça. A aguardente inclusive entra na receita junto com outros botânicos brasileiros. O resultado é um destilado que se afasta do sabor do gim tradicional.
Onde comprar Gin Nacional e outros — https://ginfest.com.br/pages/comprando-gin
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